segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Guardando medicamentos em casa: o que se deve fazer?

Todo mundo tem em casa aquela farmacinha. Bom, nunca saberemos quando iremos precisar, não é verdade? Uma torção, uma febre, uma dor de barriga ou até mesmo uma dor de garganta. Bastante comum, não é? Por isso, muitas pessoas (ou quase todas) têm em seus lares medicamentos guardados para ocasiões como estas.

Pois aí é que está o problema. Armazenar medicamentos em casa é algo que fundamentalmente não deveria acontecer. Acha um exagero? Pois é, eu também. Mas tendo em vista que a população não conhece os cuidados básicos que se deve ter ao guardar um medicamento em casa, ou o faz com pouca freqüência, é preferível não tê-los a ter que tomá-los quando estiverem estragados devido à falta de cuidados.



Porém, como muitas vezes é necessário guardar medicamentos em casa, como o caso dos pacientes idosos que na maioria das vezes são “polimedicados” e tomam medicamentos de uso contínuo (por exemplo, anti-hipertensivos, hipocolesterolêmicos – para reduzir o colesterol) se faz necessário conhecer os cuidados básicos na conservação de medicamentos para ter um tratamento seguro.

Confira as dicas abaixo para garantir a integridade dos seus medicamentos:


Mantenha-os longe do alcance das crianças.

Se uma criança tomar um medicamento acidentalmente, ela pode ter complicações orgânicas sérias e chegar a óbito. O metabolismo da criança, ou seja, a forma como funciona o organismo da criança, ainda não está completamente formado. Isto a torna mais susceptível a problemas relacionados com medicamentos. Por isto, devem tomar medicamentos somente sob prescrição médica.


Guarde-os em suas embalagens originais e bem fechadas.

Evite retirá-los da embalagem original, pois os componentes podem sofrer degradação físico-química ou microbiológica, comprometendo assim sua eficácia e segurança.


· Não guarde medicamentos fora do prazo de validade ou que apresentarem alguma alteração na coloração ou aspecto.

Os medicamentos vencidos e/ou que tiveram composição cujo aspecto ou a coloração sofreram alteração, com certeza apresentam alguma degradação em seus componentes químicos e se utilizados, podem apresentar risco à saúde. Devem ser devolvidos à farmácia para que seja feito o descarte técnico. Jogar no lixo pode contaminar o ambiente e promover acidentes em outras pessoas.


Evite guardar medicamentos no banheiro

O banheiro é um dos ambientes mais úmidos da casa e grande parte dos medicamentos possui componentes que sofrem hidrólise, ou seja, se degradam quando permanecem por um tempo em contato com a água. O ideal é manter em um local seco, longe do calor, da luz e da umidade. É preferível guardá-los em caixas com tampa, dentro de armários em salas e quartos.


Não guarde medicamentos junto com venenos ou outras substâncias perigosas.

Armazenar medicamentos junto com venenos ou substâncias tóxicas aumenta o risco de contaminação com tais produtos e dessa forma, o risco de intoxicação. Lugar de medicamento é junto com outros medicamentos apenas. Também não deve estar junto com alimentos.


Mantenha uma lista com os medicamentos que usa e as suas dosagens.

Dessa forma, você saberá o que está tomando, para que está tomando e até quando estará tomando. Isso minimiza riscos de substituir um pelo outro, tornando mais segura a terapia.

domingo, 28 de novembro de 2010

Conheça a Síndrome de Raynaud

A doença de Raynaud e o fenômeno de Raynaud são distúrbios nos quais pequenas artérias (arteríolas), geralmente dos dedos das mãos e dos pés, sofrem um espasmo e, em conseqüência, a pele torna-se pálida ou apresenta manchas irregulares avermelhadas ou azuladas.

Os médicos utilizam o termo “doença de Raynaud” quando não existe uma causa subjacente aparente e o termo “fenômeno de Raynaud” quando a causa é conhecida. Em alguns casos, a causa subjacente não pode ser diagnosticada no início, mas ela torna-se evidente dentro de um período de dois anos. Entre 60% e 90% dos casos de doença de Raynaud oc
orrem em mulheres jovens.







Causas

As possíveis causas incluem a esclerodermia, artrite reumatóide, aterosclerose, distúrbios nervosos, hipoatividade da tireóide, lesões e reações a determinados medicamentos, como a ergotamina e a metilsergida. Alguns indivíduos que apresentam o fenômeno de Raynaud também apresentam enxaqueca, angina variante e hipertensão pulmonar (aumento da pressão arterial nos pulmões).

Essas associações sugerem que a causa dos espasmos arteriais pode ser a mesma em todos esses distúrbios. Qualquer fator que estimule o sistema nervoso simpático como, por exemplo, emoções ou a exposição ao frio, pode causar espasmos arteriais.



Sintomas e Diagnóstico

O espasmo de pequenas artérias dos dedos das mãos e dos pés ocorre rapidamente e, muito freqüentemente, é desencadeado pela exposição ao frio. O espasmo pode durar minutos ou horas. Os dedos tornam-se pálidos, geralmente em forma de manchas. Pode ocorrer acometimento de apenas um dos dedos da mão ou do pé ou parte de um ou de mais dedos, com a formação de áreas irregulares vermelhas e brancas. Quando o episódio termina, as áreas afetadas podem tornar- se mais rosadas que o normal ou azuladas. Habitualmente, os dedos atingidos não doem, mas são comuns a ocorrência de insensibilidade ou formigamento, sensação de alfinetadas e agulhadas e de queimação.

O aquecimento das mãos ou dos pés restaura a cor e as sensações normais. No entanto, quando o indivíduo apresenta o fenômeno de Raynaud há muito tempo (especialmente na presença de esclerodermia), a pele dos dedos pode sofrer alterações permanentes, apresentando um aspecto liso, brilhante e distendido. Pequenas lesões dolorosas podem ocorrer nas pontas dos dedos. Para diferenciar a oclusão arterial do espasmo arterial, os médicos solicitam exames laboratoriais antes e após a exposição ao frio intenso.


Tratamento


Um trabalho publicado em 2009 fez uma revisão bibliográfica sobre as medidas terapêuticas da síndrome. Segundo os autores, existem dois tipos de tratamentos: a medicamentosa e a não-medicamentosa.


Terapia Não-Medicamentosa

O controle da doença na forma suave é quase exclusivamente conservativa, mudando as condições de estilo de vida que disparam o problema, ou seja, medidas não medicamentosas, como a proteção do tronco, dos membros superiores e inferiores contra o frio. Os indivíduos afetados devem interromper o tabagismo, pois a nicotina promove a constrição dos vasos sangüíneos. Para alguns poucos indivíduos, as técnicas de relaxamento, como o biofeedback, podem reduzir os espasmos.

O consumo de gorduras poliinsaturadas ricas em ômega 3, encontradas em óleos vegetais e em peixes, pode auxiliar no controle da doença. Eles são precursores de eicosanóides que promovem ação anti-inflamatória, anti-arrítmica, anti-trombótica e vasodilatadora. Estes efeitos podem produzir melhor tolerância ao frio, retardar o início do vasoespasmo e melhorar a resposta à isquemia. Estes nutrientes podem ser encontrados também em cápsulas de óleo de peixe e de linhaça, pois possuem alto teor de EPA (ácido eicosapentanóico) e DHA (ácido docosahexanóico). O consumo de 200mg por dia destes ácidos trazem resultados positivos.

Técnicas de relaxamento e acupuntura podem ser adotadas com boa resposta nos pacientes os quais têm no estresse o gatilho para desencadear o problema.


Terapia Farmacológica


Quando a doença de Raynaud não respondeu às medidas acima e encontra-se em estágio serevo, recomenda-se utilizar medicamentos. Os objetivos terapêuticos consistem em reduzir a frequência e severidade ds episódios de vasoconstrição, manter a circulação sanguínea e prevenir surgimento de úlceras, isquemia e necrose tecidual.

Na maioria dos casos severos, onde a isquemia crônica é causada por alteração da estrutura vascular, a estratégia terapêutica deve ser a manutenção da circulação sanguínea adequada e prevenir a vaconstricção e evidar a necrose.

Um grande de variedade de drogas podem ser utilizadas, dentre as quais:

  • Vasodilatadores
  • Agentes simpaticolíticos
  • Prostaglandinas
  • Inibidores da ECA
  • Bloqueadores dos receptores de angiotensina
  • Inibidores de Tromboxano A2
  • Antagonistas de serotonina
  • Outras drogas (griseofulvina)

Porém, estes medicamentos devem ser prescritos por um médico que tenha realizado diagnóstico adequadamente e tomados sob seu acompanhamento, tendo em vista que estas classes de medicamentos promovem efeitos adversos por vezes sérios e com frequência significativa.




Referências Bibliográficas


1. Manual Merck de Informação Médica - Saúde Para a Família, 2010
.
2. GARCIA-CARRASCO M, et al. Treatment of Raynaud's phenomenon. Autoimmun Rev. 2008 Oct;8(1):62-8

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Suplementação Nutricional de B6, B9 e B12 na Nefropatia Diabética pode provocar complicações renais


A suplementação nutricional com as vitaminas B6, B9 e B12 tem sido utilizada classicamente como estratégia para reduzir os níveis plasmáticos de um importante metabólito que é fator de risco cardiovascular: a homocisteína.





Em uma revisão publicada em 2004 no periódico The Lancet of Neurology , pesquisadores sugerem um protocolo de tratamento da hiper-homocisteinemia à base de uma suplementação com estes nutrientes, pois mostrou ser eficaz na redução do risco cardiovascular e foi bem tolerado pelo grupo tratado (Schwammenthal, Y; Tanne, 2004).


Entretanto, um
estudo recente publicado no Jornal of American Medical Association mostrou que a suplementação com estas vitaminas pode exacerbar o declínio da função renal e aumentar o risco de doença vascular em pacientes com neuropatia diabética. (House, 2010)

O Estudo DIVINe (the Diabetic Intervention with Vitamins to Improve Nephropathy) randomizou e investigou de forma controlada 238 pacientes com diabetes melitus tipo 1 ou 2 e com nefropatia diabética avançada, com uma suplementação de Piridoxina (25 mg/d), Ácido Fólico (2,5 mg/d) e Cianocobalamina (1 mg/d) ou placebo e acompanhados durante 32 meses.

Em comparação ao grupo placebo, as altas doses de B6/9/12 produziram uma redução já esperada dos níveis de homocisteína (−2.2 μmol/l versus +2.6 μmol/l; p <0.001). p="0,04)." style="font-weight: bold;">



Referências

House, A. A. et al. Effect of B-Vitamin therapy on progression of diabetic nephropathy: A randomized controlled trial. JAMA 303, 1603–1609 (2010).

Schwammenthal, Y; Tanne, D. Homocysteine, B-vitamin supplementation, and stroke prevention: from observational to interventional trials. Lancet Neurol 2004; 3: 493–95



sábado, 30 de outubro de 2010

Post de abertura | Bem-Vindos!


Bem vindo ao Ciência Magistral, um blog dedicado à questões relacionadas com a área farmacêutica, nutricional, médica e da saúde de uma forma global.


Sou farmacêutico, pesquisador, curioso e como costumo semanalmente ler publicações científicas, decidi por os artigos mais relevantes expostos neste blog, para poder compartilhar com os que tem interesse pela temática das ciências da saúde e biológicas, e assim trocar idéias, experiências e criar um ambiente de reflexão e conhecimento útil para o dia-a-dia.


Enjoy it!