O Paradoxo do Cromo: Um dos Nutrientes mais Importantes e Esquecidos...
Sabe aquela vontade incontrolável de comer aquele docinho no meio da tarde ou o dia todo? Ou então níveis aumentados de glicose, colesterol e triglicerídeos no sangue, mesmo jovem? E ainda dificuldades em perder peso? Se você apresenta um destes sintomas, você pode estar com deficiência de cromo.
Diferentemente do cálcio, magnésio, zinco, potássio, fósforo, selênio, manganês, cobre e do ferro, que possuem inúmeras funções e é sabido que a deficiência de qualquer um destes nutrientes pode provocar diversas desordens bioquímicas, disfunções de tecidos e surgimento de sintomas e doenças (como osteoporose, gripes e resfriados e depressão), até então só se conhece uma única função do cromo: regular o metabolismo de carboidratos. Não parece ser algo tão grave, afinal é apenas uma única função. Porém, esta é uma das funções mais importantes do ponto de vista do metabolismo humano, pois é a responsável por gerar energia adequada para o funcionamento das células. E o paradoxo está justamente no fato de ser um elemento tão importante e, ao mesmo tempo, tão esquecido por grande parte dos médicos e nutricionistas, por não darem importância às dosagens de cromo. A conseqüência disto é a utilização de medicamentos conhecidos como “hipoglicemiantes orais”, tais quais Metformina, Glibenclamida, Rosiglitazona e Arcabose, para auxiliar no controle da glicemia. Porém, se o paciente estiver em estado de carência de cromo, bem, poderia ser mais lógico do que lançar mão de imediato destes fármacos, simplesmente a suplementação nutricional deste mineral. Esta é mais uma missão da Liga da Saúde.
É preciso então entender o processo de formação de energia: a glicose é a forma elementar de utilização de energia pelas células. Porém, por se tratar de uma molécula hidrossolúvel, ela não é capaz de atravessar a membrana plasmática celular, que possui característica lipossolúvel. Existe então um sistema de transporte da glicose para dentro da célula e a insulina é a responsável pelo início desta operação, conforme mostrado na figura 1. Ao se ligar ao seu receptor, a insulina promove uma cascata de reações (do tipo fosforilação), que no final das contas, estimula estruturas conhecidas como GLUTs, que são proteínas transportadoras de glicose, a se deslocarem para a membrana plasmática, que por sua vez captam a glicose que está no meio externo. Pois bem: toda esta dinâmica celular para “seqüestrar” a glicose para dentro da célula, que é um conjunto de reações bioquímicas, é extremamente dependente de cromo, pois este elemento é co-fator destas reações.
Na deficiência de cromo, este processo não acontece perfeitamente, os níveis de glicose no sangue permanecem elevados, elevando o risco de diabetes, e o organismo tratará de buscar outros nutrientes para geração de energia, como proteínas e gorduras, o que aumenta o risco de níveis sanguíneos elevados de colesterol, triglicerídeos, e a longo prazo, doenças renais, da microcirculação, hipertensão, retinopatias, hepatopatias e obesidade.
Para que isso não ocorra, é importante que o médico ou nutricionista esteja atento aos níveis de cromo, que no sangue, devem estar entre 0,7 a 2,2 μg/L. Maus hábitos alimentares, como o consumo de açúcares refinados, podem reduzir os níveis de cromo, o que por sua vez, aumenta o desejo por alimentos doces, criando-se aí um ciclo vicioso.
Alimentos fonte de cromo são: cereais integrais, levedura de cerveja, carnes bovinas, de aves e de peixe. Se não for suficiente, pode-se optar pela suplementação nutricional do cromo, na forma de cromo picolinato (forma de melhor biodisponibilidade), em dosagens que variam de 50 a 1.000mcg ao dia, em cápsulas. Estudos clínicos mostram que a suplementação do cromo auxilia no controle da glicemia de pacientes pré-diabéticos ou diabéticos, que utilizam ou não medicamentos hipoglicemiantes orais, reduzindo os níveis de glicose, de insulina, bem como colesterol, triglicerídeos e substâncias resultantes do estresse oxidativo (como substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico), além de auxiliar na perda de peso e no tratamento da síndrome dos ovários policísticos (que tem como base fisiopatológica a resistência insulínica e como co-morbidade a pré-diabetes / diabetes).
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