domingo, 28 de novembro de 2010

Conheça a Síndrome de Raynaud

A doença de Raynaud e o fenômeno de Raynaud são distúrbios nos quais pequenas artérias (arteríolas), geralmente dos dedos das mãos e dos pés, sofrem um espasmo e, em conseqüência, a pele torna-se pálida ou apresenta manchas irregulares avermelhadas ou azuladas.

Os médicos utilizam o termo “doença de Raynaud” quando não existe uma causa subjacente aparente e o termo “fenômeno de Raynaud” quando a causa é conhecida. Em alguns casos, a causa subjacente não pode ser diagnosticada no início, mas ela torna-se evidente dentro de um período de dois anos. Entre 60% e 90% dos casos de doença de Raynaud oc
orrem em mulheres jovens.







Causas

As possíveis causas incluem a esclerodermia, artrite reumatóide, aterosclerose, distúrbios nervosos, hipoatividade da tireóide, lesões e reações a determinados medicamentos, como a ergotamina e a metilsergida. Alguns indivíduos que apresentam o fenômeno de Raynaud também apresentam enxaqueca, angina variante e hipertensão pulmonar (aumento da pressão arterial nos pulmões).

Essas associações sugerem que a causa dos espasmos arteriais pode ser a mesma em todos esses distúrbios. Qualquer fator que estimule o sistema nervoso simpático como, por exemplo, emoções ou a exposição ao frio, pode causar espasmos arteriais.



Sintomas e Diagnóstico

O espasmo de pequenas artérias dos dedos das mãos e dos pés ocorre rapidamente e, muito freqüentemente, é desencadeado pela exposição ao frio. O espasmo pode durar minutos ou horas. Os dedos tornam-se pálidos, geralmente em forma de manchas. Pode ocorrer acometimento de apenas um dos dedos da mão ou do pé ou parte de um ou de mais dedos, com a formação de áreas irregulares vermelhas e brancas. Quando o episódio termina, as áreas afetadas podem tornar- se mais rosadas que o normal ou azuladas. Habitualmente, os dedos atingidos não doem, mas são comuns a ocorrência de insensibilidade ou formigamento, sensação de alfinetadas e agulhadas e de queimação.

O aquecimento das mãos ou dos pés restaura a cor e as sensações normais. No entanto, quando o indivíduo apresenta o fenômeno de Raynaud há muito tempo (especialmente na presença de esclerodermia), a pele dos dedos pode sofrer alterações permanentes, apresentando um aspecto liso, brilhante e distendido. Pequenas lesões dolorosas podem ocorrer nas pontas dos dedos. Para diferenciar a oclusão arterial do espasmo arterial, os médicos solicitam exames laboratoriais antes e após a exposição ao frio intenso.


Tratamento


Um trabalho publicado em 2009 fez uma revisão bibliográfica sobre as medidas terapêuticas da síndrome. Segundo os autores, existem dois tipos de tratamentos: a medicamentosa e a não-medicamentosa.


Terapia Não-Medicamentosa

O controle da doença na forma suave é quase exclusivamente conservativa, mudando as condições de estilo de vida que disparam o problema, ou seja, medidas não medicamentosas, como a proteção do tronco, dos membros superiores e inferiores contra o frio. Os indivíduos afetados devem interromper o tabagismo, pois a nicotina promove a constrição dos vasos sangüíneos. Para alguns poucos indivíduos, as técnicas de relaxamento, como o biofeedback, podem reduzir os espasmos.

O consumo de gorduras poliinsaturadas ricas em ômega 3, encontradas em óleos vegetais e em peixes, pode auxiliar no controle da doença. Eles são precursores de eicosanóides que promovem ação anti-inflamatória, anti-arrítmica, anti-trombótica e vasodilatadora. Estes efeitos podem produzir melhor tolerância ao frio, retardar o início do vasoespasmo e melhorar a resposta à isquemia. Estes nutrientes podem ser encontrados também em cápsulas de óleo de peixe e de linhaça, pois possuem alto teor de EPA (ácido eicosapentanóico) e DHA (ácido docosahexanóico). O consumo de 200mg por dia destes ácidos trazem resultados positivos.

Técnicas de relaxamento e acupuntura podem ser adotadas com boa resposta nos pacientes os quais têm no estresse o gatilho para desencadear o problema.


Terapia Farmacológica


Quando a doença de Raynaud não respondeu às medidas acima e encontra-se em estágio serevo, recomenda-se utilizar medicamentos. Os objetivos terapêuticos consistem em reduzir a frequência e severidade ds episódios de vasoconstrição, manter a circulação sanguínea e prevenir surgimento de úlceras, isquemia e necrose tecidual.

Na maioria dos casos severos, onde a isquemia crônica é causada por alteração da estrutura vascular, a estratégia terapêutica deve ser a manutenção da circulação sanguínea adequada e prevenir a vaconstricção e evidar a necrose.

Um grande de variedade de drogas podem ser utilizadas, dentre as quais:

  • Vasodilatadores
  • Agentes simpaticolíticos
  • Prostaglandinas
  • Inibidores da ECA
  • Bloqueadores dos receptores de angiotensina
  • Inibidores de Tromboxano A2
  • Antagonistas de serotonina
  • Outras drogas (griseofulvina)

Porém, estes medicamentos devem ser prescritos por um médico que tenha realizado diagnóstico adequadamente e tomados sob seu acompanhamento, tendo em vista que estas classes de medicamentos promovem efeitos adversos por vezes sérios e com frequência significativa.




Referências Bibliográficas


1. Manual Merck de Informação Médica - Saúde Para a Família, 2010
.
2. GARCIA-CARRASCO M, et al. Treatment of Raynaud's phenomenon. Autoimmun Rev. 2008 Oct;8(1):62-8

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Suplementação Nutricional de B6, B9 e B12 na Nefropatia Diabética pode provocar complicações renais


A suplementação nutricional com as vitaminas B6, B9 e B12 tem sido utilizada classicamente como estratégia para reduzir os níveis plasmáticos de um importante metabólito que é fator de risco cardiovascular: a homocisteína.





Em uma revisão publicada em 2004 no periódico The Lancet of Neurology , pesquisadores sugerem um protocolo de tratamento da hiper-homocisteinemia à base de uma suplementação com estes nutrientes, pois mostrou ser eficaz na redução do risco cardiovascular e foi bem tolerado pelo grupo tratado (Schwammenthal, Y; Tanne, 2004).


Entretanto, um
estudo recente publicado no Jornal of American Medical Association mostrou que a suplementação com estas vitaminas pode exacerbar o declínio da função renal e aumentar o risco de doença vascular em pacientes com neuropatia diabética. (House, 2010)

O Estudo DIVINe (the Diabetic Intervention with Vitamins to Improve Nephropathy) randomizou e investigou de forma controlada 238 pacientes com diabetes melitus tipo 1 ou 2 e com nefropatia diabética avançada, com uma suplementação de Piridoxina (25 mg/d), Ácido Fólico (2,5 mg/d) e Cianocobalamina (1 mg/d) ou placebo e acompanhados durante 32 meses.

Em comparação ao grupo placebo, as altas doses de B6/9/12 produziram uma redução já esperada dos níveis de homocisteína (−2.2 μmol/l versus +2.6 μmol/l; p <0.001). p="0,04)." style="font-weight: bold;">



Referências

House, A. A. et al. Effect of B-Vitamin therapy on progression of diabetic nephropathy: A randomized controlled trial. JAMA 303, 1603–1609 (2010).

Schwammenthal, Y; Tanne, D. Homocysteine, B-vitamin supplementation, and stroke prevention: from observational to interventional trials. Lancet Neurol 2004; 3: 493–95